O resumo é um exercício que combina a capacidade de síntese e a objectividade. O resumo é um texto que apresenta as ideias ou factos essenciais desenvolvidos num outro texto, expondo-os de um modo abreviado e respeitando a ordem pela qual surgem. Como resumir? A seguir apresentamos estratégias e exemplos de como escrever um bom resumo.
Elaboração do resumo
Para elaborar um resumo, consideram-se duas fases:
I Compreensão da estrutura do texto a resumir
II Redacção de um novo texto
1. Compreensão do texto original:
- leitura global
- leitura para descoberta da organização do texto:
– levantamento das ideias ou factos essenciais;
– detecção do seu encadeamento
- Após uma primeira leitura de lápis na mão deve-se:
– dividir o texto em partes
-dar um título a cada uma das partes
-assinalar as palavras chave
– sublinhar os articuladores do discurso
-esquematizar as ideias expostas/construir o plano do texto
-detectar informações dadas pelo título, pela introdução, pelo desenvolvimento e pela conclusão.
2. Construção do novo texto (resumo)
- Seleccionar as ideias ou factos essenciais do texto original que constarão no resumo
- Suprimir:
– palavras ou frases referentes a ideias ou factos secundários
– repetições e redundâncias
– interjeições e tudo o que contribua para um estilo particular do texto
– pormenores desnecessários, exemplos, citações, pequenas histórias a propósito;
– expressões explicativas do tipo «ou seja», «isto é», «quero dizer», «dito de outro modo», «por outras palavras»
- Substituir frases e enumerações do texto original, por outras que tornem mais económica a expressão, devendo excluir-se as transições.
- Manter o fio condutor do texto a resumir.
3. Construção do resumo
- Manter os valores mais significativos nos textos que fornecem dados em números
- Escolher o vocabulário com rigor, de modo a evitar palavras inexpressivas
- Redigir o resumo em linguagem clara e concisa
- não exprimir opiniões pessoais
- Não repetir frases do autor do texto original
- Omitir/ou transformar discurso directo em discurso indirecto
- respeitar a ordem pela qual as ideias ou factos são apresentados no texto-base
- Articular os parágrafos e as frases
- Reduzir a extensão do texto a cerca de 2/3 do texto base, ou ao número de palavras ou de linhas proposto.
4. Autocorrecção do resumo
Concluído o resumo, há que aperfeiçoá-lo. Esta lista de autocorrecção pode dar uma ajuda nesse sentido, pois recupera alguns dos aspectos mais importantes do acto de resumir.
Lista de verificação do resumo |
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Aspectos a considerar |
Sim | Não | Não observado |
1. Referi apenas as ideias ou factos principais do texto original. | |||
2. Omiti ou substituí as listas ou enumerações por uma designação mais geral. | |||
Evitei o recurso a expressões explicativas do tipo «isto é», «como se sabe», etc. | |||
4. Respeitei a ordem das ideias do texto original. | |||
5. Transformei o discurso directo em discurso indirecto. | |||
6. Excluí pormenores irrelevantes, exemplos, citações, pequenas histórias a propósito. | |||
7. Evitei copiar frases ou expressões do texto. | |||
8. Articulei bem os parágrafos e as frases. | |||
9. O texto resumido não excede 1/3 do número de linhas do texto original. |
Exemplo de um resumo
Texto – Lendas da Via Láctea
A Via Láctea era imaginada como o caminho para casa de Zeus/Júpiter. Era também considerada o percurso desordenado da corrida de Faetonte pelo Céu, enquanto conduzia o carro do Sol. Os povos nórdicos acreditavam que a Via láctea era o caminho seguido pelas almas para o céu. Na Escócia antiga era a estrada prateada que conduzia ao castelo do rei do fogo. Os índios primitivos acreditavam que a Via Láctea era o caminho que os espíritos percorriam até às suas aldeias, no Sol. O seu caminho é marcado pelas estrelas, que são fogueiras que os guiam ao longo do caminho.
Resumo:
Existem várias lendas acerca da Via Láctea. São vários os povos, desde os Gregos, os Nórdicos e os Índios primitivos, que interpretam a Via Láctea como um caminho, um rio celestial ou como guia das almas até ao céu.
Texto
Em Portugal, sabe (o escritor) que não houve só boas reacções ao Prémio Nobel (ou «Nobél», como diz José Saramago seguindo a fonética sueca).
Houve quem confundisse a grandeza do prémio com o comprometimento político do escritor. Mas disso Saramago prefere não falar. 2 A inveja é o sentimento mais mesquinho que existe» diz. » Não devemos perder tempo a falar de sentimentos maus, falemos antes dos bons sentimentos» frisa o autor.
É para falar de coisas boas que o escritor vai estar em Lisboa e depois no Porto, onde tal como já estava combinado antes, vai participar num encontro de escritores ibero-americanos. «Porque os escritores não fazem cimeiras, encontram-se para falar».
in Diário de Notícias, 98.10.13
Resumo
Em Portugal, não houve só boas reacções ao Prémio Nobel. Ligaram-no ao comprometimento político de Saramago. Mas o escritor recusa-se falar dessas reacções que atribui à inveja.
É para falar de coisas boas que virá a Lisboa e ao Porto, onde participará num encontro de escritores ibero-americanos.